Número de animais abandonados ainda é superior ao número de adoções
Estima-se que até o meio do ano o número de gatos e cachorros ultrapasse a marca de 11 mil animais abandonados em Fortaleza
A rotina da cidade está cada vez mais exigente e acelerada, fazendo com que as pequenas coisas do cotidiano passem despercebidas. Para quem circula pelos praças e espaços públicos urbanos, observando o que acontece ao seu redor, é comum encontrar gatos e cachorros abandonados, muitas vezes visivelmente machucados e famintos. “A estimativa é que até o meio desse ano o número de animais abandonados seja mais de 11 mil”, conta Tarcísio Fonteneles, médico veterinário da Unidade de Vigilância de Zoonose da Regional II de Fortaleza.
Segundo Tarcísio, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e as Unidades de Vigilância de Zoonoses (UVZ) recebiam os animais abandonados, mas, com a grande quantidade que acolhiam, a estrutura ficou pequena e fez com que eles não conseguissem mais aceitá-los. Hoje, as UVZ são responsáveis apenas por consultas, vacinas e exame de calazar. Quando procurados pela população com animais abandonados, as Unidades tentam encaminhá-los a ONGs da cidade que são responsáveis por cuidar e colocar o animal para adoção.
A escolha por adotar um animal é um ato de amor e solidariedade, mas isso só começou a se tornar comum na vida das pessoas há pouco tempo. Nem todos os animais encontrados nas ruas estão saudáveis e aptos para adoção, o que pode dificultar bastante o processo, já que os interessados buscam bichos saudáveis e na maior parte das vezes procuram por filhotes. Felizmente, há pessoas que se preocupam e buscam mudar a realidade desses seres.
É o caso do projeto “Adote um Amor”, que nasceu em 2014 e foi pensado inicialmente por quatro amigas. Sem nenhum tipo de ajuda por parte do governo, elas procuram formas alternativas para continuar com o projeto, que até hoje resgatou mais de 400 animais, entre eles gatos e cachorros. Os animais resgatados se dividem hoje na casa de seis amigas, que cuidam exclusivamente de cada um. Desde consultas e exames, elas também fornecem a ração adequada para cada cachorro.
Já o Abrigo São Lázaro, que é uma das instituições mais conhecidas de Fortaleza, está em sua capacidade máxima com 400 animais no total, e, por enquanto, sem condições de receber mais animais. Por não poder realizar mais resgates no momento, o Abrigo tenta por meio das feiras de adoção que seus animais consigam um lar, para assim conseguir ajudar tantos outros que ainda vivem nas ruas.
A União Protetora dos Animais Carentes (Upac) é uma associação privada sem fins lucrativos, que busca combater o abandono dos animais. Segundo a organização, nos últimos dois anos o número de abandono dos animais aumentou de forma considerável na cidade, devido a atual crise econômica do país. Esse fator também é refletido na hora das adoções, já que as despesas alimentares e médicas de um animal podem ser bem altas.
Outras empresas privadas também se solidarizam com a causa e buscam ajudar de esses animais a encontrarem novos lares onde serão cuidados e amados. É o caso da Animale PetShop, onde a gestora Eugênia Cavalcante quis ir além do lucro financeiro e buscou fazer a diferença na vida de alguns animais que foram abandonados.
De acordo com Germana Ximenes, supervisora da loja, a maior preocupação é com os animais mais velhos que chegam até eles. “Desde que começamos o projeto de adoção já ultrapassamos a marca de 1000 animais. Geralmente o cachorro não passa mais que uma semana com a gente. Mas a nossa maior preocupação é com os animais mais velhos, porque as pessoas optam por filhotes”, afirma.
Além de já ter parcerias com alguns projetos e ONGs da cidade, a empresa resolveu criar uma corrente do bem, que é o Projeto Vida de Princesa e Vida de Príncipe. Nesse projeto eles retiram um animal por vez de alguma ONG ou canil público. Chegando lá, o cão passa por um check-up, em que é realizado um tratamento com medicações, caso seja necessário. Após o animal estar apto para adoção e um banho de loja, começa a parte da divulgação para que o cão encontre o melhor lar.
